▶️⚽ Conferência de imprensa

03h40 CET

22/11/2025

PÓS-JOGO

Assumindo a responsabilidade pela exibição vermelha e branca, José Mourinho expôs opiniões contrastantes relativamente à 1.ª e à 2.ª metades do Atlético CP-Benfica, duelo da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal que as águias venceram, por 0-2, nesta sexta-feira, 21 de novembro, no Estádio do Restelo.

No início da sua análise na entrevista rápida concedida à RTP, o treinador enalteceu que os oponentes "fizeram um trabalho extraordinário". "Eu vi-os jogar ao vivo em Mafra no jogo da liga deles, e percebi que havia organização, que havia miúdos com qualidade e que teriam condições para nos criar algumas dificuldades", complementou.

Contudo, o técnico assumiu que os encarnados também ficaram aquém das expectativas: "A nossa 1.ª parte é pobre, e é pobre ao nível daquilo que mais me dói, que é quando tu és pobre ao nível da atitude. A atitude foi pobre. Houve muito jogador que não foi sério, houve muito jogador que não encarou as coisas como devia encarar."

Assim, José Mourinho promoveu 4 substituições ao intervalo, mas admitiu que "gostava de ter feito 9", uma vez que "havia 2 jogadores que queriam jogar e queriam levar o jogo a sério" – posteriormente, revelou que se referia a Otamendi e Rodrigo Rêgo –, e "os outros 9 não estavam".

"Na 2.ª parte, obviamente que melhorámos muito. O Atlético, na 2.ª parte, já não conseguiu sair como saía, já não conseguiu ter lançamentos de linha lateral – em que aquele miúdo tem uma capacidade fantástica de meter a bola na área –, já não havia sequer a possibilidade de eles nos poderem fazer um golo. Era só uma questão de tempo para nós fazermos. Se tivéssemos feito mais cedo, o resultado, seguramente, seria muito mais volumoso, mas, assim, foi o quanto baste. A 2.ª parte agradou-me porque a atitude melhorou, a intensidade melhorou, fomos completamente dominadores, e a 1.ª parte não gostei", avaliou, considerando que "ganhar a eliminatória é normal", mas que os seus comandados o fizeram "com tranquilidade e mérito".

No que diz respeito à troca de sistemas táticos no descanso, o treinador explicou que "aquilo que não resultou foram os jogadores que estiveram em campo", e, "para tirar alguns dos jogadores que quis tirar, era obrigado a mudar de sistema".

"Por exemplo, ao tirar o Tomás Araújo, obrigatoriamente tinha de passar a jogar a 4. Tinha sentido, na 1.ª parte, que o lateral-direito, o Paulinho, estava a ter dificuldades com o [Rodrigo] Rêgo e estava a entrar já numa zona de fadiga. Ao meter o Rêgo do outro lado e ao meter o Schjelderup na esquerda, pensei também que dar amplitude ali por aquele lado e atacar com o Schjelderup e com o Dahl podia criar problemas e empurrá-los para trás, e nós acabámos por empurrá-los para trás", clarificou, à Sport TV.

"Acho que a mensagem não é minha. Acho que é uma mensagem geral, é uma mensagem dos Benfiquistas. No meu caso, eu sou o treinador do Benfica, e a responsabilidade é minha, mas os jogadores têm responsabilidades não só para comigo. Têm responsabilidade, fundamentalmente, para com os Benfiquistas, e, ao nível da atitude, há coisas que não são negociáveis. Há coisas que eu não posso aceitar como treinador, e estou seguro de que o Benfiquista, de um modo geral, perdoa muita coisa. Não perdoa a falta de atitude e de concentração", atirou, quando questionado se a sua mensagem tem custado a entrar no coletivo.

"Há jogadores que, às vezes acontece, chegam a sair do clube e não chegaram a perceber nada. Pode ser que aconteça com algum. Pode ser que aconteça com algum sair e, quando sair, ainda não perceber o que é o Benfica. Pode acontecer", acrescentou.

José Mourinho elogiou ainda a estreia do jovem Rodrigo Rêgo na equipa de futebol profissional das águias: "Apesar de estar há pouco tempo no Benfica, eu sigo com a máxima atenção os jogadores das camadas jovens. Relativamente ao Rêgo, não poderia antecipar se ele faria um grande jogo, se teria muita qualidade no seu jogo, mas sabia que não me iria trair. Eu não gosto de jogadores que me traiam – quando digo traiam, é no sentido de não darem aquilo que podem dar, não jogarem nos seus limites. O Rêgo, eu sabia que não o iria fazer. Faz um jogo muito positivo, muito equilibrado. Muito honestamente, neste momento, confio mais nele do que nalgum."

VITÓRIA NORMAL APÓS 1.ª PARTE AUSENTE

"É a representação da divisão em que eles jogam, competiram contra nós, discutiram o resultado durante muito tempo. Os jogadores a darem tudo, mas de um modo supercorreto, a cumprirem aquilo que o treinador disse antes do jogo, que iam tentar manter a identidade deles, que iam tentar jogar, fizeram-no enquanto foi possível para eles. Portanto, parabéns para eles. E para alguém que nasceu em 1963, um desejo muito forte de que o Atlético volte a ser aquilo que foi durante a minha infância. O jogo, na 1.ª parte, o Benfica não jogou, e pior do que não ter jogado, o Benfica não esteve em campo, e pior do que não ter estado em campo foi ter tantos jogadores com uma atitude que não é admissível nem em treino. Porque no treino nós competimos tanto, que nem sequer me posso recordar de um único treino onde a atitude tivesse sido aquilo que nós fomos. Logo desde o primeiro minuto, perdas de bola absolutamente ridículas. OK, o Estádio do Restelo, que eu conheço bem, é muito ventoso, principalmente nesta altura do ano e à noite. Muitas dificuldades para quem está a jogar contra o vento, mas a saída de bola a partir de trás, um monte de passes errados, os médios a não se darem ao jogo, os atacantes a baixarem no apoio e a perderem logo no controlo. Um jogo tão mau na 1.ª parte, que me fez ao intervalo dizer aos jogadores que ia mudar 4 – não ia mudar 5, porque não podia jogar 45 minutos sem uma substituição no bolso –, mas que gostaria de mudar 9. Para eu, na minha cabeça de treinador, ter vontade de mudar 9, é porque a coisa estava efetivamente feia. Não feia no sentido de sentir algum risco de ser eliminado, sentir algum risco de não ganhar o jogo, mas a coisa estava feia porque eu tenho um conceito de profissionalismo que há coisas que me custam a entrar. Na 2.ª parte, não mudámos 9, mas mudámos 4, e os 4 deram uma atitude completamente diferente à equipa. Ajudaram a equipa a ser muito mais pressionante, a ser muito mais intensa, a ter muito mais dinâmica. E depois era a questão de o golo aparecer ao minuto 50, 60, ou 70, ou 80, mas tinha de aparecer como apareceu. Portanto, acho que, no fundo, vitória justa nossa, vitória normal nossa, e parabéns para o Atlético, os votos uma vez mais, que possam voltar a ser o Atlético que nós conhecemos."

UM GIGANTE QUE NÃO PODE BRINCAR

"[Resposta com o Ajax] Eu quando critico os jogadores, implicitamente estou-me a criticar a mim próprio, porque a responsabilidade é minha. Portanto, o facto de eu não estar aqui a dizer culpa minha, culpa minha, culpa minha... a culpa minha está aí implícita cada vez que eu critico os jogadores. Para mim foi uma surpresa, porque treinamos bem. Quando podemos treinar, que não são muitos os dias em que podemos treinar. Mas o treino de ontem [quinta-feira] e de anteontem [quarta-feira] treinámos bem, treinámos efetivamente muito bem, com uma atitude boa, com intensidade, com concentração. Portanto, para mim, foi uma surpresa negativa. Já sabemos que nestes jogos, a principal razão do tomba-gigante é que o gigante adormeceu. A história está feita de gigantes adormecidos. Eu recordo, por exemplo, lembro-me de um jogo, Caldas-Benfica... o Benfica foi a penáltis, acontece muita vez, só que a realidade é que o gigante não deve adormecer. O gigante tem uma massa adepta gigante, o gigante ganha muito dinheiro, o gigante tem muitas regalias, o gigante tem ótimas condições de trabalho, o gigante não pode brincar no futebol e não pode ter atitudes como nós... alguns jogadores tiveram na 1.ª parte."

RODRIGO RÊGO CHAMA A ATENÇÃO PELA ATITUDE

"[Exibição de Rodrigo Rêgo] Gostei, gostei, não me defraudou em nada. O meu interesse no Rodrigo parte dos primeiros dias depois de eu ter chegado ao Benfica e de ainda não ter percebido bem o potencial de cada jogador jovem que eu vi, mas de perceber claramente o tipo de atitude que cada jogador tem. E ele chamou-me imediatamente à atenção pela atitude que tem, pela data que tem em cada jogo, em cada treino, trabalha em intensidades altíssimas, tem a capacidade de repetir ações de alta intensidade e de repetir, e de repetir, e de repetir, tem muito caráter. Pode jogar em sistemas diferentes, pode jogar na direita, pode jogar na esquerda. O [Nélson] Veríssimo, nos últimos jogos, jogou, neste caso, a 5, nós jogámos a 3, mas ele, jogando como ala no sistema de 3, não tem só pernas para andar, mas tem também qualidade técnica, tem cruzamento. Portanto, era um miúdo que eu tinha quase a certeza que não me iria defraudar. Estou contente, por isso ficou 90 minutos. Se ele tivesse idade para jogar na Youth League – nós gostamos de fazer bem na Youth League –, eu deixaria ele jogar na terça-feira em Amesterdão [pelos Sub-19], mas ele não tem idade, e como não tem idade, vai ficar comigo e vai estar para jogar. Não sei se de início, não sei se no banco, mas vai estar para jogar. E depois, quem não aproveita oportunidades e vê miúdos passarem à frente, que não me venha bater à porta, a fazer perguntas de porquê."

NOVO SISTEMA PARA TESTAR

"[Referiu na flash que não gosta de jogadores que o traiam] Trair, entre aspas. Foram os 9. [A aposta em 3 centrais é para manter?] Não é 3 centrais, são 3 defesas. Os 3 centrais normalmente implica 5 defesas. E nós jogámos a 3, com o Rêgo muito alto, com o Dedic também muito alto, com o António Silva e o Tomás [Araújo] a terem de defender completamente nas laterais, sem qualquer tipo de proteção, nós jogámos a 3. É difícil de fazer. Normalmente, eu já o fiz. Já o fiz na Roma e também fiz no Fenerbahçe. Mas fiz depois de pré-épocas. De pré-épocas, onde tu treinas 6 semanas, 2 vezes ao dia, muitas horas de trabalho. Não é um sistema fácil de jogar. Fi-lo... E fi-lo com diferentes intenções. Uma delas foi também jogar com o Ivanovic junto com o Pavlidis. Tentar replicar um bocadinho aquilo que ele fazia, com mais sucesso do que no Benfica, no Saint-Gilloise, com mais mobilidade, a poder cair em zonas mais laterais e a aparecer depois nas diagonais. Fi-lo também para testar, obviamente para testar um plantel que neste momento está magro de opções para as alas. E, ao intervalo, a razão pela qual eu mudei não teve que ver com problemas relativamente ao sistema, porque acabámos por ter uma muito boa ocupação da área quando chegávamos, e quando jogamos só com um atacante, muitas vezes não temos uma grande ocupação da área. Portanto, o problema não foi o sistema; o problema foi um treinador que não foi capaz de motivar os seus jogadores o suficiente para que eles estivessem os 11 motivados, concentrados e metidos numa responsabilidade de um jogo. Como eu lhes disse antes do jogo, se ganhamos não se passa nada, e se perdemos é um desastre."

TRÊS DEFESAS EXIGE TRABALHO

"[Manter o sistema?] Cada jogo é um jogo. Como eu disse, jogar a 5 é fácil. É dos sistemas mais fáceis de jogar, jogar a 5. Jogar a 3 é muito difícil. E jogar a 3 exige trabalho. Eu não gosto de jogar a 5. Gosto de jogar a 5 quando estou a ganhar e falta pouco tempo, e estamos em dificuldade, e é a hora de fechar a porta. Jogar a 3 exige trabalho. Eu honestamente não acredito que nós possamos, entre hoje e terça-feira, ter uma equipa sólida para interpretar o sistema num jogo de alto nível como é o jogo da Champions."

RICHARD RÍOS É "IMPORTANTÍSSIMO"

"Eu acho que ele tem sempre impacto na equipa, mesmo quando não faz as coisas que as pessoas esperam que ele possa fazer, ou que ele atinja o nível de qualidade que as pessoas esperam que ele possa atingir. Mas há uma base que com ele parece que não é negociável, que é a base da entrega, da fisicalidade, da área de campo que ele ocupa, na pressão, na transição, seja ofensiva, seja defensiva. Portanto, eu acho que ele tem justificado sempre, mesmo com alguns erros na construção, mesmo com alguns erros aqui e ali nos espaços curtos, falta-lhe aquela finesse... não é puxada de saco ao meu presidente, mas não vamos comparar Ríos com Rui Costa, só para dar um exemplo, mas ele dá-nos muito. Se fazer um golo lhe dá alegria, lhe dá mais confiança, ótimo. Mas o Ríos, para mim, desde que eu cheguei, é um jogador importantíssimo."

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